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Intubação em Crianças e Recém-Nascidos: Cuidados Essenciais

A intubação em crianças e recém-nascidos é um dos procedimentos mais críticos da medicina de emergência e cuidados intensivos pediátricos. Apesar de parecer semelhante ao processo feito em adultos, essa abordagem exige cuidados específicos por conta das particularidades anatômicas e fisiológicas dos pequenos pacientes.

Neste post, vamos te mostrar de forma clara os pontos mais importantes para garantir segurança e eficácia no momento da intubação pediátrica.

👶 Por que a intubação em crianças é tão diferente da de adultos?


O primeiro ponto a entender é que crianças não são mini-adultos. Elas têm:

  • Língua proporcionalmente maior
  • Narinas menores e mais propensas à obstrução
  • Epiglote mais flácida e anteriorizada
  • Laringe em posição mais alta (C3-C4)
  • Traqueia mais curta
  • Maior consumo de oxigênio e menor reserva funcional

Tudo isso faz com que o tempo para dessaturação seja muito mais rápido em crianças — ou seja, a janela para agir é bem menor.

🛡️ Principais Cuidados Essenciais na Intubação Pediátrica

1. Avaliação Rápida e Efetiva

Antes de qualquer coisa, avalie se a intubação é realmente necessária. Nos casos de recém-nascidos, por exemplo, a ventilação com bolsa-válvula-máscara é efetiva na maioria dos casos, segundo o guia de reanimação neonatal da OMS e da AHA (2020).

Indicações comuns:

  • Apneia persistente
  • Bradipneia grave
  • Hipóxia refratária
  • Rebaixamento do nível de consciência
  • Parada cardiorrespiratória

2. Escolha do material adequado

A escolha do tamanho do tubo orotraqueal (TOT) é crucial:

  • Para recém-nascidos: tubo sem cuff geralmente de 2.5 a 3.5 mm de diâmetro interno
  • Para crianças maiores: fórmula prática →
    Diâmetro (mm) = (idade em anos / 4) + 4

✅ Sempre tenha tubos de tamanhos acima e abaixo do ideal à disposição.

Outros materiais indispensáveis:

  • Capnógrafo ou detector de CO₂
  • Fixador de tubo
  • Seringa para insuflar cuff (se houver)
  • Dispositivo de ventilação manual com máscara apropriada
  • Laringoscópio com lâminas curvas e retas (tamanhos 0 a 3)

3. Pré-oxigenação eficiente

O tempo de dessaturação em crianças é muito rápido (especialmente nos menores de 1 ano). Faça pré-oxigenação por 3 minutos, com FiO₂ 100%, sempre que possível.

No recém-nascido, utilize máscara facial com pressão positiva (com PEEP) para garantir expansão pulmonar.

4. Posicionamento ideal

O posicionamento adequado evita falhas:

  • Recém-nascido: mantenha a cabeça em posição neutra, com leve elevação dos ombros (uso de coxim ajuda).
  • Crianças: use o “sniffing position” (leve extensão do pescoço) para alinhar os eixos faríngeo, laríngeo e traqueal.

5. Verificação da posição do tubo

Após a intubação, verifique se o TOT está corretamente posicionado:

  • Ausculte campos pulmonares e região epigástrica
  • Observe expansão torácica bilateral
  • Use capnografia ou detecção de CO₂ expirado (padrão ouro segundo OMS e AHA)
  • Confirme com radiografia, sempre que possível

6 . Fixação segura e monitoramento contínuo

O tubo deve ser fixado com fita adesiva ou fixador específico pediátrico, garantindo conforto e segurança.

Mantenha:

  • Monitorização contínua de SpO₂
  • Monitor de capnografia (em pacientes ventilados)
  • Avaliação neurológica e hemodinâmica constante

🚨 Erros Comuns e Como Evitá-los

  • ❌ Usar tubo de tamanho inadequado (grande ou pequeno)
  • ❌ Não pré-oxigenar adequadamente
  • ❌ Posicionar mal a criança, dificultando a visualização
  • ❌ Tentar intubação sem equipe ou preparo suficiente
  • ❌ Não confirmar a posição do tubo com CO₂

📌 Dica Extra: O Método dos “7 Ps” pode ser adaptado para pediatria


Apesar de ser mais comum em adultos, os 7 Ps da intubação (Preparação, Pré-oxigenação, Pré-tratamento, Paralisia, Posicionamento, Passagem do tubo e Pós-intubação) podem ser adaptados com cuidado para o público pediátrico, sempre respeitando as particularidades da idade.

🌍 Referências Utilizadas

  • Organização Mundial da Saúde (OMS) – Guidelines for neonatal resuscitation (2023)
  • American Heart Association (AHA) – Pediatric Advanced Life Support (PALS) Guidelines
  • Neonatal Resuscitation Program (NRP) – American Academy of Pediatrics
  • Manual de Emergências em Pediatria – SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria)

Se você é profissional da saúde, estude os protocolos, simule cenários, e pratique em manequins pediátricos. Se você é pai ou mãe, saber que seu filho está em mãos bem treinadas faz toda a diferença.

Dr. Louremberg Janoca

Médico Anestesiologista
CRM-SP: 220.589 | RQE: 126.452 | RQE: 19.441

Dr. Louremberg Janoca

Médico Anestesiologista
CRM-SP: 220.589 | RQE: 126.452 | RQE: 19.441

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