Caso clínico:
Hospital de referência, UTI – 01h47 da manhã.
Paciente masculino, 59 anos, portador de câncer de base de língua em tratamento, chega à emergência com dispneia progressiva, estridor e saturação em queda. Ao exame físico, notava-se inchaço cervical, mobilidade limitada da mandíbula e abertura oral restrita, tornando a via aérea visivelmente difícil.
Tentativas de intubação com videolaringoscópio foram descartadas de imediato pela equipe, devido ao risco de trauma tumoral e sangramento.
Conduta: Com o paciente consciente e sob sedação leve, foi introduzido um fibrobroncoscópio flexível pelo nariz, enquanto o paciente recebia oxigênio suplementar via máscara. A equipe manteve vigilância contínua dos sinais vitais e da tolerância à manobra.
Durante o exame, a visualização da glote foi possível apesar da anatomia alterada. Com delicadeza, um tubo orotraqueal foi guiado através do canal do fibrobroncoscópio até a traqueia.
Sucesso na primeira tentativa. O paciente foi estabilizado, mantido em ventilação mecânica e encaminhado para tratamento oncológico definitivo.
🧠 O que aprendemos com esse caso?
A fibrobroncoscopia é uma ferramenta essencial em casos de via aérea difícil, especialmente quando há distorções anatômicas graves, como tumores, queimaduras ou trauma.
Além disso, permite manter o paciente respirando espontaneamente durante a intubação, o que reduz riscos em situações onde a perda da via aérea seria catastrófica.
A chave aqui é preparo e treino. Essa técnica exige prática e familiaridade com o equipamento. Mas quando bem aplicada, é um divisor de águas entre o caos e a segurança.
📌 Dica prática: Sempre que possível, tenha o fibrobroncoscópio disponível e pronto em plantões de emergência e cirurgias com risco de via aérea difícil.
📚 Fonte: Manual de Via Aérea Difícil – Brazilian Society of Anesthesiology; UpToDate, 2024.
1 Comentário
Quando eu via chamar o cirurgião torácico para ajudar na intubação eu não entendia o motivo, agora consegui entender. Muito bom o post